
Em 23 de setembro de 2025, Jimmy Kimmel Live saiu das câmeras novamente, mas o retorno foi mais do que um simples ponto de partida: foi o fim de uma disputa que deixou a emissora Disney/ABC sob os holofotes da política americana.
Como a suspensão surgiu
Tudo começou quando, no monólogo da edição de 17 de setembro, Kimmel fez comentários que, segundo críticos de direita, distorceram a visão de seguidores de Donald Trump. As reações não demoraram a ganhar força nas redes, com hashtags pedindo que o apresentador fosse punido e até ameaças de violência contra a equipe da Disney.
Bob Iger, CEO da Walt Disney Company, e Dana Walden, co‑president da Disney Entertainment, decidiram suspender o programa de forma indefinida. A justificativa oficial citou "preocupações com a segurança de colaboradores e anunciantes", mas a pressão de grupos conservadores era evidente.
Segundo fontes próximas às negociações, Kimmel se recusou a pedir desculpas. Ele alegou que suas palavras foram "grave e injustamente distorcidas" por um segmento específico da população que, segundo ele, manipulou o contexto para fins políticos.
Enquanto isso, funcionários da Disney e da equipe de Kimmel começaram a ser doxxed nas redes. Alguns receberam mensagens de morte, e a atmosfera dentro da empresa ficou tensa. Dentro da Disney, havia um debate interno: alguns executivos achavam que a suspensão foi um reflexo exagerado da pressão externa, lembrando a polêmica de 2022 envolvendo o ex‑CEO Bob Chapek e a lei da Flórida sobre direitos dos pais.

O acordo que permitiu o retorno
Após dias de negociações, a ABC avisou que pretendia trazer Kimmel de volta "o quanto antes", mas sem garantir quais seriam as condições exatas. Fontes do The Hollywood Reporter relataram que Kimmel planejava publicar um esclarecimento, enfatizando que suas palavras não foram direcionadas a nenhum grupo específico.
No dia 22 de setembro, a Disney/ABC divulgou oficialmente que a produção de Jimmy Kimmel Live seria retomada no dia seguinte. O comunicado incluiu que Kimmel teria que ler uma declaração pré‑aprovada pela emissora antes de voltar ao ar. O apresentador, porém, aceitou o requisito, ressaltando que, ao longo de quase 23 anos e quase 4 mil episódios, a Disney sempre lhe concedeu liberdade criativa, mesmo quando isso incomodava os executivos.
Reações de outros players do setor, como Nexstar e Sinclair, mostraram que o caso tinha implicações mais amplas para a indústria televisiva. A possibilidade de censura por pressão política tornou-se tema de debate nos bastidores, levantando questões sobre até onde as redes estão dispostas a ceder para proteger sua imagem e seus anunciantes.
Entretanto, o episódio deixou claras algumas lições: a necessidade de mecanismos de proteção contra ameaças digitais a funcionários, a importância de estratégias de comunicação de crise e, sobretudo, o delicado equilíbrio entre liberdade de expressão e os interesses comerciais de grandes conglomerados.
Com o programa de volta ao ar, o foco agora está nas próximas edições. Kimmel prometeu usar seu espaço para abordar questões relevantes, mas de maneira que evite novas escaladas de polêmica. Enquanto isso, a Disney segue avaliando como gerenciar futuras discordâncias que possam surgir entre seu portfólio de conteúdo e grupos de pressão externos.