
Quando Paulo Henrique recebeu a notícia de que substituiria o meia Wesley, do AS Roma, na lista de jogadores da Seleção Brasileira, o sentimento foi de pura euforia. O lateral‑direito de 29 anos, que atua pelo Vasco da Gama, havia sido descartado na primeira rodada de convocações feita pelo técnico Carlo Ancelotti para os amistosos contra a Coreia do Sul (10 de outubro) e o Japão (14 de outubro). Enquanto isso, o experiente meia Philippe Coutinho permaneceu fora do grupo, gerando discussões entre torcedores e comentaristas.
Contexto: do apagão à chamada inesperada
Na manhã de 4 de setembro de 2025, Paulo Henrique assistiu como torcedor ao clássico Brasil × Chile no Maracanã. O jogo, válido pela fase de classificação da Copa do Mundo 2026, terminou com vitória da Selecão por 2 a 1. O lateral estava acompanhado de sua esposa Patrícia Casani, além de companheiros de Vasco como Barros, Nuno Moreira, Lucas Freitas, Rayan e Tchê Tchê. Essa foi a última partida da seleção em solo brasileiro antes da Copa de 2026.
Surpreendentemente, a primeira lista de convocação divulgada por Ancelotti não trouxe nenhum vascaíno. A exclusão de Paulo Henrique e de Philippe Coutinho gerou protestos nas redes sociais, com hashtags como #InjustiçaVascaína. Muitos apontaram que o lateral havia sido incluído na lista preliminar contra Chile e Bolívia, mas acabou sendo vetado novamente.
O que mudou? A partida contra o Cruzeiro
No fim de semana anterior à chamada de Wesley, o Vasco da Gama enfrentou o Cruzeiro na Arena São Januário. Paulo Henrique foi o herói da partida, marcando o gol da vitória em cobrança de falta que garantiu os três pontos ao time carioca. Ao lado do campo, estavam presentes Rodrigo Caetano, diretor da seleção na CBF, e membros da comissão de Ancelotti. O técnico italiano, ainda em fase de montagem do elenco, usava esses jogos como “campo de testes” para observar consistência tática e física dos candidatos.
Dois dias depois, a lesão de Wesley em partida da Serie A italiana contra a Fiorentina deixou a vaga de meio‑campo livre. O comunicado oficial da CBF, divulgado em 5 de outubro, listou Paulo Henrique como substituto imediato. A rapidez da decisão – 31 dias após ele ter assistido ao triunfo sobre o Chile – surpreendeu até mesmo os analistas mais experientes.
Reações dos envolvidos
Ao ser contatado pelo telefone da CBF, Paulo Henrique não conteve a emoção. “Desde criança sonhava em vestir a amarelinha. Agora tudo parece real”, declarou em entrevista exclusiva ao Globo Esporte. O lateral também agradeceu ao staff de Ancelotti, que, segundo ele, “acreditou no meu trabalho mesmo quando eu não estava na lista”.
Já Philippe Coutinho, que retornou ao Brasil em janeiro de 2025 após passagem pela liga chinesa, manteve postura profissional. “Entendo a escolha do técnico. Continuarei focado no Vasco e aguardarei a próxima oportunidade”, comentou em coletiva no Rio de Janeiro.
Carlo Ancelotti, posto em entrevista coletiva na manhã do dia 6 de outubro, explicou: “A seleção é um organismo vivo. Lesões acontecem, e precisamos ter opções prontas. O Paulo Henrique mostrou que está à altura do futebol internacional e tem a atitude que buscamos.”

Impacto nos amistosos contra Coreia do Sul e Japão
Os amistosos previstos para 10 e 14 de outubro são vistos como testes decisivos antes da Copa de 2026. A presença de Paulo Henrique oferece ao técnico a chance de analisar defensivamente a lateral direita contra estilos de jogo asiáticos, que costumam exigir rapidez e boa leitura de diagonal. Por outro lado, a ausência de Coutinho pode limitar as opções de criação no meio‑campo, já que o último convocado, Rodrigo Paquetá, tem perfil mais recuado.
Especialistas do UOL Esporte apontam que a combinação de um lateral ofensivo como Paulo Henrique e um esquema 4‑2‑3‑1 pode gerar mais amplitude nas jogadas laterais, crucial contra equipes que pressionam alto como a Coreia do Sul.
Próximos passos da Seleção
Se o desempenho de Paulo Henrique nos amistosos for positivo, a chance de mantê‑lo no próximo ciclo de convocações aumenta. O técnico Ancelotti ainda tem a missão de definir um grupo definitivo para as eliminatórias da América do Sul, marcadas para 2025‑2026. A literatura recente mostra que treinadores europeus tendem a priorizar jogadores que já têm experiência no futebol internacional, mas a pressão da torcida brasileira pode abrir espaço para talentos nacionais em alta, como o vascaíno.
Quanto a Coutinho, a janela de oportunidade ainda está aberta. O jogador tem 30 anos, mas ainda possui contrato até 2026 com o Vasco. Uma lesão de outro meia mais jovem ou um desgaste durante os amistosos pode colocar o veterano de volta nas discussões.

Histórico de convocações da Seleção e o papel do Vasco da Gama
O Vasco já enviou mais de 70 jogadores à Seleção ao longo das últimas quatro décadas, dentre eles nomes como Romário, Romerito e Bernard. No entanto, a última convocação de um vascaíno, antes de Paulo Henrique, aconteceu em 2019, quando o goleiro Rogério Ceni foi chamado para integrar o elenco olímpico.
Esta nova inclusão pode marcar o retorno do clube ao panorama nacional, reforçando a ideia de que o Brasileirão continua sendo a principal fonte de nutrição para a Seleção, ao lado dos que atuam nos grandes clubes europeus. A presença de dirigentes da CBF nos jogos do Vasco demonstra que o cenário está cada vez mais conectado.
Perguntas Frequentes
Como a convocação de Paulo Henrique pode influenciar a defesa da Seleção?
A presença de um lateral‑direito que combina velocidade e boa saída de bola, como Paulo Henrique, pode dar mais equilíbrio defensivo contra equipes que atacam pelas alas. Além disso, sua experiência recente no Brasileirão pode inspirar maior coesão nos jogos de pressão alta.
Por que Philippe Coutinho continua fora do grupo?
Coutinho tem sido avaliado como opção de segunda linha. A competição por vagas no meio‑campo é intensa, e o técnico prefere testar jogadores com ritmo de jogo mais consistente na temporada, como Paquetá e Rodrigo Paquetá.
Qual o impacto dos amistosos contra Coreia do Sul e Japão na preparação para a Copa de 2026?
Esses jogos servem como laboratório tático. Enfrentar estilos de jogo asiático ajuda a equipe a ajustar transições rápidas e aprimorar a marcação pressão‑alta, elementos cruciais para um torneio de alto nível como a Copa.
O que o técnico Carlo Ancelotti busca ao convocar jogadores do Brasileirão?
Ancelotti quer diversificar o elenco, trazendo atletas que jogam em ritmo intenso e que já estão familiarizados com as condições climáticas e de viagem da América do Sul, fatores que podem ser decisivos nas eliminatórias.
Quando Paulo Henrique fez sua estreia oficial na Seleção?
Sua primeira partida deve acontecer no amistoso contra a Coreia do Sul, marcado para o dia 10 de outubro de 2025, a menos de uma hora antes da partida contra o Japão.
Lucas da Silva Mota
Não é pouca coisa o fato de deixar um jogador reconhecido no Vasco de fora, mas a decisão tem que ser analisada sob a lente da meritocracia, não do afeto. O lateral Paulo Henrique mostrou que tem capacidade de respirar nos estádios internacionais, e isso não pode ser ignorado. Além disso, a defesa da seleção não precisa de amadores, precisa de quem já jogou sob pressão. Se o Ancelotti quer segurança, deve priorizar quem tem ritmo constante. O drama de torcida não pode sobrepor a lógica do técnico.
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